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  • 25.9.05

    Helena









    Helena, mas é claro que não poderia ser outro nome, não sei porque, mas Helena era perfeita, uma perfeição inexplicável, que ninguém foi capaz de entender. Helena cantava, eu não ouvia a voz dela, mas ela cantava, a multidão toda olhava, mas minha convicção de admirá-la era tanta que tive a certeza que éramos só nós duas, mesmo sem saber ela era minha e só minha, as muitas pessoas em volta viraram vultos e o espaço entre eu ela era extraordinariamente iluminado. Eu tinha as mãos no bolso e era freqüentemente empurrada. Meus sentimentos eram conduzidos pela atmosfera úmida daquele lugar onde as paredes eram descascadas, não houve um momento em que meus olhos não brilhassem com lágrimas quase formadas. Decidi que deveria sair dali, passei pelo corredor muito escuro e esburacado trazido diretamente de um filme de terror que quase me rendeu um bom tombo.

    Finalmente a luz satisfatória dos postes da rua, pessoas com cinto de arrebite e casaco com listras na manga por todo lado, eu deslocada dentro da minha blusa com um sapo estampado que outrora havia sido preta por cima de uma blusa social também muito velha, a mãos ainda no bolso canguru do moletom aberto. Fui andando em passos bêbados pelo meio do asfalto que não passava carro algum quando avisto um rosto familiar. Obrigada.

    - O que aconteceu? – ela disse ao ver a minha cara que eu nem imagino qual era.

    - Helena – disse cética.

    Ela não sabia quem era Helena, é claro que não sabia, Helena nunca havia sido vista, Helena nunca havia sido citada. Pediu explicações que não eu não soube dar e voltamos para a multidão dos cintos de arrebite, para a música estouradora de tímpanos, para o cheiro de monóxido de carbono com destilado. Voltamos para Helena.

    - Não me deixa olhar pra ela – eu pedi ao perceber que poderia entrar em prantos a qualquer momento se meu olhar cruzasse com o dela mais uma vez.

    Virei as costas para o palco que não era palco por não possuir nenhum tipo de elevação em relação à platéia. Girava a cabeça periodicamente, mas a minha protetora não deixava que eu completasse o movimento e permanecia então olhando para parede com os braços cruzados e os dentes pressionando os lábios com força, onde era seguro.

    1 Comments:

    Blogger Branco Leone said...

    Bom, bom mesmo, bom demais. De onde você veio?

    outubro 24, 2005 6:39 PM  

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